terça-feira, 17 de outubro de 2017

Poema do não



Deixe-me toca-la com as palavras, pois minhas mãos, o tempo já impede...
Deixe-me dizer-lhe vagarosamente o que a boca já não pode, mas a mente insiste em provocar.
Tuas curvas, onde me perdia, ainda são nítidas em minha memória.
Nada apaga as sensações de um amor profundo e verdadeiramente consumado.
Nada destrói as verdades não ditas, nem as mentiras se sobrepõe sobre os corpos dos amantes...
Teu gosto ainda estala em minha boca com a mesma força que permanece viva em meu peito a felicidade de ter-lhe nos braços.
Teu colo foi meu ninho, meu refúgio, meu oásis...
Foste a musa de um amante silencioso...
Teu morder de lábios embalaram meus sonhos e todas as fantasias de um garoto tardio.
Rejuvenesci ao saciar-me em ti e  morri nos instantes seguintes em que lhe perdi.
Sem ti sou pouco!
Quase nada sabemos de uma felicidade plena e ainda assim a buscamos incessantemente... Atordoado por um modelo errôneo de felicidade, busquei em outros corpos oque só o teu conseguiu proporcionar-me.
Sopros de orgasmos, estão longe de ser felicidade fértil, de nos impulsionar para além de nós mesmos.
Perdi-me nas várias tentativas que fiz...
E em cada uma soou o teu nome em meus ouvidos...
Meus pensamentos retornam a você com a mesma frequência que meus pulmões imploram pelo ar...
Tua ausência mata-me, lenta e silenciosamente...
Minhas entranhas são corroídas por lembranças, pois só elas acompanham meus dias...
Deixe-me toca-la com as palavras, pois minhas mãos para ti já estão  mortas e que minhas palavras percorram cada canto de ti, e que me encontre escondido em seu íntimo...
Deixe-me toca-la com as palavras, e como orvalho refrescar teu deserto...
Deixe-me toca-la com as palavras, e desta vez ser eu o teu oásis.

Dersan Magalhães
16.10.2017