quarta-feira, 25 de abril de 2018

Poema-065 Já me peguei falando de amor...

Já me peguei falando de amor para quem nunca foi capaz de
amar além de si mesmo...
Já me peguei empurrando quem nunca desejou circular para além de seu próprio umbigo...
Triste é não se reconhecer nas próprias sombras...
Triste verte arcado sobre  ela, à procurar uma semelhança inexistente...
Triste é mergulhar nesse vazio e não chegar ao fundo...
Cara na lama, caranguejando em busca de algo desconhecido aos olhos.
Casco rusticamente esculpido por uma vida que não foi traçada por você...
 Invólucro vazio de mim e de tudo que tentaram lhe plantar...
O valor que não vale, o beijo frio, o cheiro de mofo, de algo
esquecido no fundo do armário.
Quem dera nunca ter lhe falado dos meus medos e fraquezas, quem dera...
O rotulo roto, pregado em minha testa não me pertence, mas a ti lhe cai bem...
Já me embriaguei por perder quem nunca foi minha...
Já morri, já ouvi orgasmos que nunca existiram para além de sons e murmúrios...
Triste é  verte arcado sobre alguém, quando ela pensa na revista de fofoca ou nas tarefas alheias ao momento...
Triste e verte arcado sobre ela que nem queria estar ali...
 Ainda pensativa nas questões não resolvidas do seu trabalho, ela dissimula com facetas e fábulas...
Triste e verte, sem que me veja realmente...
Caranguejando em busca de algo desconhecido em seu mundo...
Tua lama não esconde seu umbigo, tão pouco eu me ajusto a ele. 
Triste e não se reconhecer nas próprias sombras...
Já me peguei falando de amor com quem nunca foi capaz de amar...
Já falei de amor para com quem nunca pegou a vida na mão...
Já me peguei falando para quem não amou além de si... 
Já chorei as minhas e as suas lagrimas...
Triste é não sentir o mel na língua, mas o fel na garganta.

Dersan Magalhães

poema-064 Súbito


Súbito

Ei de possuir-te, pérola minha...
e nada, nem ninguém, vai impedir que lhe de o que de melhor a vida lhe deva...
e serei eu o felizardo, o bem aventurado
por possuir tal doçura entre meus lençóis...
Ao rompe-la em beijos,
serei o feliz dentre tantos que lhe desejaram.
serei eu a mergulhar em seu mais profundo ser, a romper-lhe a bruma, a deslizar sob sua pele tenra e adocicada, a saciar-me...
poetas escreveriam sobre ti, sem ao menos chegar perto de tamanha felicidade,
mas eu morrei em silencio, apenas para não alardear minha plenitude...
És a realização de fantasias que eu nem sabia possuir...
És o doce de uma vida recheada de fel...
Sem que saibas, és a musa de um tolo, que por muito tempo desistiu da felicidade...
tudo estava desenhado, e sem que exista borracha para apagar o que já foi determinado, nos encontraremos para nossa felicidade...
pérola negra , musa dos dias mais escuros,

de minha existência...
Ainda que se negue a admitir, teu intimo já me reconhece como seu
e a mim só resta entregar-me
Cada palavra não pronunciada,
 cada jura silenciada,
eram apenas mais alguns instantes perdidos...
contra tudo que acreditamos, existe uma força maior,
 existe uma verdade que grita no peito.
de nada adiantaria uma vida se não nos deparássemos com o verdadeiro amor....
não aquele que nos tira a fala , mas aquele que nos da voz...
Aos poetas, um poema coerente de gramática
aos amantes, um amor verdadeiramente desconcertante basta.

Dersan Magalhães
25.04.2018

Poema -063 São meus pensamentos a fluir vento a fora...




São meus pensamentos a fluir vento a fora...
Hoje a  sombra lhe cai bem...
Hoje, nada combina ou rima...
Hoje tudo é desconexo, vazio de sentido.
Hoje pra ti, sou desconhecido e
você que outrora  inspirava-me versos e sonhos,
nem libido provoca mais...


Hoje, o quê é rezando pra um dia, nem sempre recebemos...
Talvez sejamos apenas estória de um tempo longínquo ou nem isso...
A mim, resta dizer que teu vazio consome meus dias
como também aprisiona-me em teu buraco negro...
Tua vida segue em frente...

Como os trens nas plataformas, sob si, tens os trilhos para guiá-la.
Eu, barco a deriva, perdido em turbilhões, girando em circulo...
sem ancora, porto, ou farol para guiar-me, o naufrágio torna-se cada vez mais evidente.
rezo por uma mão estendida, por um colete salva vida, ou uma bolha de ar...
Hoje, o quê é rezando pra um dia, nem sempre recebemos...
Talvez sejamos apenas estória de um tempo longínquo...
Talvez sejamos apenas mais um conto de desilusão, de amor naufragado...
ou nem isso...
  
São meus pensamentos a fluir vento a fora...
Talvez sejamos apenas estória...
Teu vazio consome meus dias...
Tua vida segue em frente...
Talvez sejamos apenas estória...
Hoje a  sombra me cai bem...
você que outrora  inspirava-me versos...
ainda hoje os inspira...
São meus pensamentos a fluir vento a fora...
Tua vida segue em frente...
Teu vazio  me consome...
Talvez sejamos apenas estória...
Talvez sejamos só poesia,
que nem libido provoca...
São meus pensamentos a fluir vento a fora...


Dersan Magalhães
24.04.2018