terça-feira, 1 de outubro de 2013

Poema - Versos tristes...

Versos tristes...

Meus versos já não lhe causa encantamento,
meus desejos já não lhe despertam sonhos
seu despertar ecoa-me como pesadelo triste....
como antes, a porta se fechou, já não sonho mais...

Nem dormir eu posso, diante de tal imagem,
e nem a minha sombra quer acompanhar-me.
Nas paredes nada é projetado, tudo é um vazio branco.
Me consome, sumo em mim mesmo...
ir ao sonho que sonhava e sonha-lo novamente,
agora é impossível para mim, vivo só...
É só que passo minhas madrugadas...

Ao meu lado, só o vazio da cama,
nem seu perfume me consola mais,
Ao contrário, tortura-me, corroem minha alma.
Lembra-me que já esteve aqui, mas não esta mais...
Rolo de um lado para outro no espaço que antes
repousava seu corpo, volto! Paro! Sento a beira da cama
onde nossos corpos se encontravam, me perco em tristeza...

Abraço-me na tentativa de lembrar de seus abraços,
curvo-me, encolho-me, em fim, levanto-me e sigo até a sala.
Você também não esta lá, o sofá esta vazio, mas a lembrança
novamente me atormenta e quase a vejo deitada no sofá.
com um piscar de olho, sua imagem se dissolve diante de mim.
Sigo até a cozinha, pego o mesmo copo que vc pegou,
bebo um gole de água, como quem bebe o amor,
sinto a água desfazer-me o nó da goela,
mas não apaga o fogo da saudade que sua ausência causa.

Vejo a pia cheia de louças suja e sinto-me também sujo.
A casa esta vazia, assim como estou vazio de seu amor
Nada me é agradável, nem mesmo o som do madrugada
o silêncio desta casa vazia, apaga-me do mundo,
e ninguém mais saberá da minha existência, nem você,
nem mesmo eu saberei de mim.

espero o tocar do telefone que não toca,
 meu silêncio quase se rompe
sinto-me ser tomado pelo desejo de gritar,
mas não grito,
permaneço calado,
o dia se aproxima e a luz do sol não entra pela janela.
neste escuro eu adormeço profundamente,
 talvez acorde mais tarde...
Quando já for tarde, talvez acorde,
quem me dera não acordasse mais,
mas acordo sempre...
Sempre acordo para desfrutar desta minha solidão.

Dersan Magalhães

Poema - Madrugada

Madrugada


É madrugada, no alto uma janela aberta.
A luz da lua de mãos dadas com a brisa,
invade esta janela e não se vê impedida
pelos lençóis macios que lhe cobre o corpo.

Intencionalmente os retira e a ilumina com  doçura...
A brisa da madrugada que refresca seu corpo despido,
convida-me para que eu também a siga e vele seu sono...
E seja eu a brisa a banhar o fruto de meu desejo mais insano,
talvez você também deseje o meu entrar,
mas eu, como a Lua, estou longe desse corpo...
nem admira-lo posso mais...

Já estive coma brisa...Já fui brisa pra ti...
hoje ao lembrar-me do seu corpo, vejo que também foste a minha.
E como a brisa que desliza seu corpo, também já deslizou sobre o meu.
Tremulo, percorri cada pedaço de seu corpo, perdi-me nas lembranças,
Nos amores...

Flutuei com cada sensação que despertei em ti, pois a via flutuando.
Ao despertar-me para o amor,me vi entrelaçado a ti, completamos nosso destino.
Degustamos da tenra fruta do pecado e ela nos pareceu doce...
Como poderia ela ser a fruta do pecado, se tão doce nos apresentava?
Saciar os desejos terrenos foi apenas a conclusão de um amor profundo.
Como poderíamos nos interpretar como erro, se o que nos ata não é deste mundo?

É madrugada, sinto inveja da lua... Quem me dera ser a Lua em ti agora...
É madrugada, sinto inveja da brisa... Quem me dera ser eu a brisa em ti agora...
Amar não deveria ser pecado nunca! O nunca, é que deveria ser pecado agora!

Dersan Magalhães


Poema - Ela foi embora...


Ela foi embora...

Sem que nada me fosse avisado, ela foi embora.
Deixou-me na solidão, talvez, apenas mais um dentre tantos.
Ao vela afastando-se, fui tomado pela tristeza,
senti corre-me na face uma antiga lágrima represada.

Mesmo negando-me, admito...
Sou mais triste hoje, do que jamais fui ontem...
Atormentado pelas lembranças, sigo em frente, mas
minha busca, tornou-se  ainda mais difícil longe de seus olhos.

Sinto saudades do tempo que eu era ignorante,
do tempo em que ter- lhe em meus braços era algo inatingível.
se antes doía em mim a minha covardia por não ter lutado,
agora tenho que digerir minha derrota que rasga-me dia a pós dia.

temperado por um amor desfeito e salpicado pela rejeição,
sou servido quente, neste banquete de infelicidade.
na mesa, vejo talheres pontiagudo, a espera de mãos hábeis
para dividir-me em porções e levar-me a boca.

Quatro cadeiras em torno de uma mesa quadrada e
na sala de cúpula alta, tudo me parece ainda mais frio.
sou revirado, sei que não demora muito e
apenas meus restos estarão sobre a mesa.

neste jantar em que as cadeiras já estavam demarcadas
e os lugares ocupados com antecedência londrina,
restou-me apenas servir-me em baixelas de prata,
frias baixelas de prata para o amor tardio de agora.

E ela foi embora, rumo a manutenção de sua felicidade,
mas não antes de saciar-se com meu amor e minhas carnes tenras.
E ela foi embora, com um sorriso sarcástico no canto da boca.
E ela foi embora, como deveria ser, como meu coração já previa.

Ela apenas foi embora...

Dersan Magalhães

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Poema - Reflexos de um velho




Reflexos de um velho

Todo Baiano diz ter conhecido Jorge Amado...
Todo pernambucano diz ser aparentado com Brennand ...
De Virgulino Lampião, muitos já se disseram descendente.
Todos temos nosso sincretismo pessoal,
Todos somos capazes de construir imagens dúbias de alguma forma,
Nossa descendência é uma mistura de herói e anti-herói...
Na arte, eu também já fui virgem, fui puro e inocente,
como um primata já bradei minhas descobertas com a mesma algazarra de quem descobria o fogo.
Tolo!
Fui apenas mais um tolo, sonhando em ser maquinista de um trem desgovernado...
Como um tolo virgem, também acreditei que o novo supera o velho sem ao menos me certificar,
de que se tratava realmente do novo apresentando-se diante de mim.
Caminhei lado a lado com o velho, achando nele, uma meninice que nunca existiu.
Assisti o velho engordar na minha frente e por achar que era o novo, alimentei-o ainda mais com meu suor e sangue.
Desejei que o novo não fosse superado e esforcei-me nesta empreitada de fazer meu desejo uma realidade..
Não me reconhecia virgem...
Não me reconhecia tolo...
Nunca usei crachá algum para que eu não fosse rotulado por minha inexperiência, mas o fui mesmo assim.
Não era o novo e sim o velho ramificando-se para sobreviver da minha virgindade.
Como um parasita o velho, alimentava-se do frescor de minha tolice deixando minha inexperiência servir-lhe de anti - corpo.
O parasita, na tentativa de não se desprender de seu hospedeiro, mutila-o, sufoca-o,
mas ao perceber que se mata-lo ele também morreria, afrouxa seus tentáculos para que o hospedeiro refrigere-se e retome as forças parcialmente,
O hospedeiro já não é mais inexperiente, a tempos deixou de ser virgem, já foi calejado e deflorado pelo peso do parasita.
Fraco talvez, mas em sua essência ainda existe um pouco de herói e anti-herói.
 Já não é Jorge Amado, já não é Brennand ,
mas seu lado Virgulino espera o momento certo para romper em disparada rumo ao verdadeiro novo.
Roubar do parasita, o direito de sobreviver disfarçando-se do novo, as custas do suor de sua meninice é inevitável.

Dersan Magalhães

domingo, 22 de setembro de 2013

poema - É tanto pra se fazer...

É tanto pra se fazer...

Tantas coisas me confundem...
É tanto a se fazer em tão pouco tempo
O mundo gira...
Todos rodam ao meu entorno
em velocidade reduzida vejo sua face turva.
Testa serrada de desaprovação...

Imagem Embaçada...
Mente irreconhecível...
Desperta-me medo e insegurança...
Eu permaneço ali...
Estático!

Busco um ponto cardeal que possa
orientar-me a sair deste turbilhão.
É quase fim...
Queria que o fosse...
Melhor ainda se fosse o começo...

Se...
Mas não é...
Não feche a porta ao sair.
Eu não a fecharei...
Pode ser que você volte
em busca de alguma coisa que perdeu.

Pode ser...
E se acontecer, a porta estará apenas encostada,
a lareira apagada e na sala apenas um ar frio
lhe remeterá a outro tempo...
Lembrará que esta sala já foi quente e acolhedora...
Lembrará de tantas coisas que não serei mais eu e
sim você, neste turbilhão...
Estará no meio deste turbilhão...

Talvez nem se importe...
Talvez nem se lembre...
Talvez, eu pensar que o futuro retornará ao presente
cheio de saudades do passado, seja o meu ponto cardeal...
Falso ponto...

Tantas coisas me confundem...
É tanto a se fazer em tão pouco tempo...
O mundo gira...

Dersan Magalhaes

quarta-feira, 10 de julho de 2013

poema -Ai, o amor...




Ai, o amor...


O amor que tenho por você é tão indescritível,
Que só as sombras podem dimensioná-lo...
Ele é inatingível para as outras pessoas,
É como as sombras, ele passeia por entre as pessoas...
É de seu corpo que ele se projeta sobre todas as coisas...
Seu corpo é algo que me fascina, não pelo sexo em si,
Mas pelas curvas que faz.

Ele é como a nossa vida!

Fizemos varias curvas,
Direcionamo-nos para locais opostos,
Mas estamos aqui, a viver este amor, que ainda é maior que nós.

As mesmas curvas que nos separaram há anos...
Agora se entrelaçam e para mim,
Mesmo que a viagem tenha sido dolorida...
Ainda assim, me ver deslizar sobre suas curvas,
Faz valer à pena cada sofrimento que vivi...
E todos eles se transformam em pequenas formigas,
A trabalhar para me trazer até esta felicidade que é ter você em meus braços.

Não a quero nua!

Mas que seja despida de pudores mundanos,
Eu a quero, nua em pelos,
Para que nosso amor deslize na maciez da sua pele.

E vivemos!

Vivemos envoltos a convenções,
Que tenta nos impedir de ser feliz...
Ser infeliz é o que nos fará escravos do mundo,
Mas é o amor que nos liberta sempre...

É o seu amor que me liberta!

Mesmo que pelas sombras...
De uma forma velada...
Deixarei marcado no mundo este amor libertador.

E que venha logo!
Que venha envolto ao fogo, como o martelo de Hefesto,
A forjar a égide de nosso amor, pois como a forja,
Meu corpo já arde pelo seu...
Meu copo transbordado de desejos,
Pede sua boca para beber-lo.
Saciar sua sede de mim, também é
Saciar a minha de ti e negar-lhe tal gole
É também condenar-me a sede eterna.
A frigidez do não amor...

Dersan Magalhães
 10-07-2013