Ela foi embora...
Sem que
nada me fosse avisado, ela foi embora.
Deixou-me
na solidão, talvez, apenas mais um dentre tantos.
Ao vela
afastando-se, fui tomado pela tristeza,
senti
corre-me na face uma antiga lágrima represada.
Mesmo
negando-me, admito...
Sou mais
triste hoje, do que jamais fui ontem...
Atormentado
pelas lembranças, sigo em frente, mas
minha
busca, tornou-se ainda mais difícil
longe de seus olhos.
Sinto
saudades do tempo que eu era ignorante,
do tempo
em que ter- lhe em meus braços era algo inatingível.
se antes
doía em mim a minha covardia por não ter lutado,
agora
tenho que digerir minha derrota que rasga-me dia a pós dia.
temperado
por um amor desfeito e salpicado pela rejeição,
sou
servido quente, neste banquete de infelicidade.
na mesa,
vejo talheres pontiagudo, a espera de mãos hábeis
para
dividir-me em porções e levar-me a boca.
Quatro
cadeiras em torno de uma mesa quadrada e
na sala
de cúpula alta, tudo me parece ainda mais frio.
sou
revirado, sei que não demora muito e
apenas meus
restos estarão sobre a mesa.
neste
jantar em que as cadeiras já estavam demarcadas
e os
lugares ocupados com antecedência londrina,
restou-me
apenas servir-me em baixelas de prata,
frias
baixelas de prata para o amor tardio de agora.
E ela foi
embora, rumo a manutenção de sua felicidade,
mas não
antes de saciar-se com meu amor e minhas carnes tenras.
E ela foi
embora, com um sorriso sarcástico no canto da boca.
E ela foi
embora, como deveria ser, como meu coração já previa.
Ela apenas
foi embora...
Dersan
Magalhães
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