Falar
deste tema, tipo: Sou contra X Sou a favor, como se estivéssemos em um ring de
Box ou em um octógono de MMA, (Que, diga-se de passagem, está na moda) me
parece ser desnecessário e claro não é o objetivo deste documentário. Vejo
muito mais latente é a questão da liberdade de escolha. Temos o direito de
escolher nossas batalhas, ouve um tempo em que a pratica homossexual não só era
aceita, mas vista como sendo até um sinal de estátos, fazia parte.
Somos...
Ou melhor, vivemos em uma sociedade que logo de cara já sabemos não satisfazer
nossos anseios, mas durante a construção de nosso caráter vamos adaptando-se e
crescemos com todos tentando nos provar que isto é o certo a ser feito, “temos
que nos adaptar”. Em casa, aprendemos a nos comunicar baseados no sistema que
já existe “a fala”, depois somos inseridos a um sistema educacional que em
tese, nos prepara para um sistema ainda maior, e muito mais competitivo. Porém
nesta fase de adaptação somos convencidos que é normal, é assim para todos, e
naquele instante, no momento da despedida em frente ao portão da escola vendo
outras crianças também sendo iniciadas nesta fase, acreditamos em um mundo de
igualdade e oportunidade iguais para todos. Esta crença sofre seu primeiro
questionamento quando entramos pela primeira vez na sala de aula ou em um
momento qualquer quando não somos escolhidos para este ou aquele grupo.
Perguntar o porquê, Para quem? Ah talvez para aquele adulto que fica em pé
todos os dias na nossa frente, nos mandando copiar isso.. Decorar aquilo...
"-Você
não entende o que eu estou falando menino?
-
É surdo?
-
Não copiou ainda por quê?
-
Venha já para a primeira carteira da fila!
Algum
tempo depois...
-
O menino, mas você ainda não terminou de copiar por que, Não esta enxergando a
lousa?
-
Bom, não posso atrasar a turma inteira...
-
Então copie do seu coleguinha ai do lado, que tenho que apagar a lousa. Bla Bla
Bla..."
Pode
parecer um exagero de minha parte o monologo a cima, mas muitos de nós já
ouvimos uma ou todas estas frases, talvez não no mesmo dia, ou na mesma
sequência. Talvez tenhamos tido a sorte de as tela ouvido, não direcionado a
nós, mas com certeza todos sabemos que ainda hoje ou talvez exatamente agora
tenha uma criança as ouvindo ou sendo testemunha de sua pronuncia. Nós não
construímos este molde, este sistema, a cultura, as normas convencionais que
emoldura nossa sociedade, não foram construídas por nós, mas somos responsáveis
por mante-las intactas ou executar as manutenções que forem necessárias.
Classificar, rotular o outro, dominar com o intuito de mudança ou extinção
sempre fez parte da história humana, da Cultura dominadora, que se baseia nas
diferenças. Quando nos adequamos ao sistema vigente, nos colocamos em uma zona
de aparente conforto e cheia de adjetivos sonoramente prazerosos.
Conforto...
Prazer... Sermos associados a adjetivos positivos...
Tudo
me parece tão tentador!
Fico imaginando o homem das cavernas diante de
tal tentação e pior, como seria se ele sede-se a elas?
Meu
caro, com certeza você não estaria ai em frente do céu PC lendo este texto, eu
não o teria escrito. Talvez nunca nos falasse, ou partilhássemos uma idéia se
quer, estaríamos cada qual na sua caverna, contemplando uma escuridão
aparentemente infinita, mas não estamos! Ele, o homem da caverna, não cedeu à
tentação da zona de aparente conforto saiu de sua caverna, enfrentou feras,
dominou o fogo, se queimou é verdade! Foi engolido muitas vezes! Mas saiu da
posição de passageiro de um trem futurista, para a condição de maquinista, não
redigiu as normas de conduta (A Cultura) a que somos submetidos, mas criou
condições para que o papel em que ela foi escrita fosse desenvolvido. Hoje
milhões de anos após, quando olhamos a nossa volta percebemos haver paginas em
branco.
Falta
muito a muito a ser escrito! Ainda vivemos em uma sociedade que sabemos não nós
satisfaz. Não adianta ficarmos esperando que as adequações despenquem do céu
como gotas de chuva, de nada adianta ficarmos em nossa caverna esperando que se
faça luz, temos o poder de escolher, se e quando devemos sair da caverna, mas
temos em primeiro lugar a obrigação de perceber que a questão não se trata de
diferença. Classifica-la como diferença, implica antes de mais nada submetê-la
a critérios de valores. Em minha opinião, chamamos de diferenças o que na
verdade deveríamos apenas chamar de característica, a opção sexual trata
somente de mais uma, dentre tantas características humanas que compõe a
particularidade de uma pessoa, mas esta é só a minha opinião...
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