terça-feira, 15 de maio de 2018

Poema-073 Umedecido da vida que...



Umedecido da vida que...

vou passar a tarde olhando para seus olhos...
se dos olhos, dizemos que são a janela da alma, nos teus, vi um oceano...
se fixar-me nesse olhar, molho-me mergulhando...
ainda que em pensamento, em tudo que nele se esconde



a vida que dele brota... com suas marcas, rasga-me...
e como fonte, mato minha sede apenas por vê-lo umedecido da vida que já testemunhou, mas eu não vivi...
somos canetas nas mãos de um poeta astral.
Quem tem sede de viver, mas limita se pelo medo do desconhecido, é apagado pelo tempo...
somos rabiscos... somos versos...
Somos feitos a partir do desconhecido que nos seduz...
De amores coagulados...
De caminhos  rompidos...
De desencontros...
De turbulentos queimar de alma...
Somos olhares e bocas rubras.
Somos fumaça de um incenso que acalma um ao outro.
Distantes, somos pajé em constante transe...
falamos por osmose, sem som ou dialeto audível...
Apenas um olhar me basta,
pra me molhar a alma...
pra eu revisitar meus dias áureos.
Somos rabiscos...
somos amor coagulado, queimando a alma...
Somos eternos, Somos ternos...
somos magma, poeira, e oceano...
o mesmo que brotas de seus olhos, da sua janela.
somos mais além que um olhar apenas....
e ainda assim eu passaria a tarde toda olhando para seus olhos,
e fixar-me nesse olhar...
Banhar-me mergulhando...
Ainda que em pensamento...
E em tudo que nele se esconde...

Dersan Magalhães
15.05..2018

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