terça-feira, 30 de outubro de 2012

Arderás comigo




Arderás comigo!




A palavra, o silêncio...
Arderás comigo a palavra que machuca...
Arderás comigo a palavra que destrói...
A palavra que nos consome é sempre a que não foi dita.
Que por um motivo qualquer ficou no ar ou entalada na garganta.
Somos moldes imperfeitos... Somos apenas moldes falhos a se corrigir.
Somos um nada quando nos engasgamos com as palavras que deveriam ter sido ditas.
Mas de que adianta pronuncia-la agora?
De que adiantaria pronuncia-la para seus ouvidos que já nem aqui estão mais...
De que valeria tal palavra, pronunciada para ouvidos já surdos de desprezo?
Eu as engulo e letra a letra, me desce cortando a alma...
Meus olhos marejados de você cegam-se e em seu silêncio, eu morro sem defesa...
E a cada segundo sentido por mim, eu me fecho ainda mais, eu me calo...
Seu perfume que ainda sinto no ar, me dopa e faz lembrar que já partiu...
E nada fiz pra me escutar, nada falei, sussurrei apenas.
Só sussurrei... Não me ouviste sussurra? Mas sussurrei eu juro!
Mas não me ouviu... Não quis ouvir-me.
E no silêncio se trancou em seu castelo, e me deixou do lado de fora...
Faz frio aqui, era você a me aquecer não percebia?
E agora estou a me congelar, mas você esta aquecida em seu castelo de gelo...
O gelo da raiva é quente pra quem o emana, mas mortalmente frio, pra quem o sente.
E nada fiz pra impedir-lhe... Nada fiz pra merecer tamanha morte.
Mas morro a cada segundo do desprezo seu...
Sei que morro devagar e em seu silêncio...
Mas morre também você em seu falso castelo de gelo...
Conforto me em saber disso, eu admito esta alegria...
Confesso, pois sei que sedo ou tarde, após a nossa morte,
Novamente nos encontraremos e não mais poderá fugir para seu falso castelo de gelo,
E arderás eternamente em meus braços.

Dersan Magalhães

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