Feridas e
segredos...
Todos
querem saber o ponto fraco de todo mundo, o calcanhar de Aquiles.
Para os
que nos amam, é como se souber de nossa ferida,
Onde é! Como
está! Como se saber, a fecha-se, mas ela não fecha...
Para os
que nos odeiam é para nos ferir, e não deixá-las cicatrizar nunca...
E todos
querem nossas feridas, todos querem nosso calcanhar de Aquiles...
Mas elas
são nossas, ela é minha e de mais ninguém...
Nada
podem e nem devem fazer...
E que
elas se fechem sozinhas, em silêncio,
Para que
ninguém as use como arma...
Para meu martírio
ou minha morte...
E elas
são minhas e nossas e de mais ninguém...
E se o
mundo parar, eu não desço!
Fico aqui,
quietinho... Lambendo minhas feridas em silêncio.
Sem um
motivo certo, sem nenhum por que...
Só pelo
prazer de velas fechadas, de me sentir-me imune as estocadas alheias...
O mundo é
mal! As pessoas se deliciam com feridas alheias,
Querem
romper os tendões de nossos calcanhares
Mas não querem
as suas feridas expostas, seus calcanhares rompidos...
A fechar
as suas feridas para serem menos expostas às estocadas alheias,
Para ser
menos homem e mais maquina.
Pensava
que as pessoas que realmente me amavam,
Não usariam
as minhas feridas contar mim...
É ai que me
enganei! Cutucá-las até me ver agonizar de dor...
Todos nós
fazemos isso, uns por maldade,
Outros
por que acham que, o que arde cura!
Mas todos
nós, fazemos sempre!
Quantas
vezes já ouviram de alguém que realmente gosta de você
“vai
enfrente seu medo”. Diria que isso é amor equivocado. Isso é uma forma de
cutucar sua ferida, pois acham que tudo o que arte cura! Enganam-se...
Mas é sua
á ferida, dói em você, nunca nos outros...
Por amor
e por bondade eles nos estimulam a cutucá-la, como se depois de sangrá-la
bastante, depois de não mais ter sangue pra escorrer, ela cicatriza-se
automaticamente.
Mas não! Isto
só aumenta a dor, mas eles não a sentem...
Sim
somente nós sentimos a dor...
E depois
de já terminado o sangue, nós apenas morremos,
Sangrar-las
nunca foi cura, mas ficar quietinho sim...
Quase
parado... Só lambendo-a... Sentindo o gosto do sangue ao eives da dor,
Deixar o sangue se coagular com o tempo, não seria a melhor saída.
Lamber-la, é como se afaga a dor e embalar-lhe pra que ela se acalme e
adormeça...
Ninguém
quer de fato que a dor morra, é ela que nos mostra que estamos vivos,
E ela,
também é o outro lado da moeda...
E como
tal temos sempre que nos certificar de que esteja lá, adormecida, mas lá!
E como um
masoquistas, nós nos beliscamos... “hei acorde, você esta ai? perguntamos a ferida”.
E ela como quem responde, mina uma gotinha de sangue e nos sentimos vivos ainda.
Então quando você lambe a sua ferida e tira a casca protetora podemos até
pensar:
Não é
mais fácil deixar esse sangue seca e virar outra casca e que com o tempo ela
caia sozinha?
Não! Pois
nesta casca que aparentemente a protegia é que se escondem as bactérias...
Que
causam as infecções, que nos deixariam febris... Que nos destruiriam
lentamente...
Lamber-las
limpa! Você já viu algum animal raspando, esfregando as próprias feridas ou as
dos outros? Mas é comum vermos um animal lambendo-se.
Lamber
ferida é sábio, é sabido pelos animais ditos irracionais que cura mesmo!
Não é o
poder da saliva em si, mas o poder de digerir seu próprio sofrimento, de se
reconstruir a partir de suas feridas.
A
prendamo-nos com eles, somos racionais, mas eles é que são os sábios.
Dersan
Magalhães
Um comentário:
" Dizem que o TEMPO é santo remédio, com ele tudo passa, tudo muda, e tudo cura, afinal que milagre será esse, que ele o traz? São raras as vezes que encontramos pessoas que agem como os animais, que lembem nossas feridas, se usa-las contras nos mesmo, ainda sim acredito que elas podem existir.
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