sábado, 29 de março de 2014

Poemas-002 O lavrador...


O lavrador...

Tem momentos na vida da gente que tudo que ouvimos nos faz sentir-se importante...
 já em outros, sentimo-nos impotentes.
 Há momentos em que somos de fato impotentes e nem percebemos!
 não que eu acredite que sejamos vítimas do nosso destino ou Poemas-002 O lavrador...
um mero barco à deriva, a se movimentar porque existe correnteza, mas do céu só cai chuva, é da terra que se faz a colheita...
 Se hoje minha colheita não é abundante ou até inexistente, não significa que vivi a vida como cigarra, nem tão pouco que viverei como gafanhoto...
 olhe para minhas mãos, sinta o pulsar do meu coração e saberá que também sou humano e talvez o meu erro esteja em não ter aprendido a ser um bom lavrador.
 Não peço que admire minha colheita, mas não pise em minhas abóboras com seus sapatos de pelica, tão pouco me chame para sentar em sua mesa de mil talheres, Mesmo um incompetente lavrador sabe quando está sendo ridicularizado...


Dersan Magalhães

Poema-004 Se arrependerá um dia...

Se arrependerá um dia...

Se arrependerá um dia por cada segundo de silêncio...
Se arrependerá por cada afago não feito,
por cada laço desfeito, se arrependerás...
Um dia com vinte e quatro horas de silêncio,
semanas, meses, anos até,
ainda será pouco para seu arrependimento,
mas só o frio do arrependimento lhe restará...
Se arrependera pelo amor negado,
pelo exílio a que me condena,
eu que por ti devoto tanto amor e mais...
lhe daria tanto se possível fosse...
Se arrependera pelo desprezo e dele será vítima um dia,
mas eu ao contrário de ti não me felicitarei por tal feito,
ao contrário!
tudo eu daria para que não fosse condenada ao que me tens condenado.
Se arrependera... e ao se arrepender ficara claro diante de seus olhos cada lágrima que mareja os meus... mas a de ser o teu neste momento a afogar-se.
Poderia dizer-te tanto se não fosse o silêncio a que me condenou...
Da falta que me faz, escreveria mil estrofes...
Mais duas mil pela dor causada por sua indiferença
e pouco teria dito, nada descreve o meu pesar,
nem mesmo o som contínuo do meu coração é capaz de tal feito.
Talvez o sopro!
Sim talvez!
Apenas o espaço entre um bater e outro,
seria capaz de lhe descrever como me sinto...
A falta de rima tem o mesmo peso do descompasso
a que meu coração padece e de que me valeria o bom traquejo
com as palavras, se na vida só desacerto?
De que me valeria tantos dizeres encaixado,
se diante de seus olhos desmonto-me inteiro?
Queria eu manter-me em silêncio
e como você dizer tanto sem palavra alguma...
Ah! Como queria ter em mim tal dom
e como você sentir me abastecido de mim mesmo,
mas sou um mortal, não tenho dons,
em mim existe apenas o espaço,
um vazio deixado por ti e nele resta
a lembrança dos beijos quentes que outrora dava-me sem medo.
Se arrependera de cada beijo não dado...
Se arrepender de cada segundo de amor não desfrutado,
de cada gota de suor não derramado...

E saberá que as noites de amor intenso que vive agora
é nada diante do que poderia ter vivido...
E só o arrepender-se lhe restará.
Se arrependera de tanto...
Mas tão pouco poderá fazer depois de arrepender-se...
E só arrepender-se lhe restará...





Dersan Magalhães

Poema-003 O tempo dos tolos...

O Tempo dos tolos...

Vivemos um tempo de amores vazios onde falar eu te amo tornou-se comum, algo quase banal. Para onde foi o desejo de estar junto de quem se ama? Antigamente dizer eu te amo vinha acompanhado de um pacote completo, bastava ouvir está doce frase e logo, ouvinte e orador estavam colados a desembrulhar tal pacote e vivendo seu poema, todo tempo do mundo ainda era pouco para os amantes...
Hoje vivemos menos os nossos poemas, somos menos poetas no dia a dia, tornou-se tolice declarar-se e quem o fizer quase sempre é visto como alguém fora da realidade, um tolo montado em um cavalo baio. Todos querem ser amados, mas poucos São capazes de enfrentar tal rótulo. Eu de minha parte custo a acreditar na veracidade de amores que precisa da distância para aflorar, repúdio o comodismo dos amantes que nada fazem em pro de seu amor, amar é pacote completo e deve sim vir acompanhado pela insatisfação e pela busca de mais tempo, por um querer estar perto sempre!
Um amor que não teme ser sufocado pela proximidade, mas que se abastece tornando-se mais inflamável a cada dia.
Um amor apenas para recordar é o mesmo que nunca ter amado completamente!
É o vazio do peito tomando conta da alma!
É a negação do amor próprio!
É dizer que somos tolos e nos bastamos sozinhos!
É o fim.


 Dersan Magalhães




Poemas-006 Será real?

Será real.

Será real o que sinto?
Será real também, o que diz sentir por mim?
Medo de ser real a minha ilusão ou ter sido ilusão tudo que achei real.
Se tudo entre nós era tão natural não seria normal estarmos desfrutando um do outro?
Vejo me entre tantas dúvidas e só o seu silêncio tenho como resposta.
Lindo é o amor dos poemas, dos livros, só neles achamos as respostas quando chegamos ao final. Em poemas ou histórias de amor literária o final nunca está nas mãos do incerto, ou de uma força divina, mas na força dos amantes em permanecerem juntos, tudo é mais doce nós contos de romance até a morte de Romeu e Julieta tornou doce e inspiradora. Orfeu, Romeu, Peri todos padeceram por amor até a fera ou o fantasma da ópera, mas todos sem exceção provaram de amores sem dúvidas e por isso desfrutam de finais que até hoje inspiram amantes a gerações. Será que nossa história se realmente fosse escrita inspiraria uma viva alma a amar?
Temo está resposta, temo não encontramos um final que faça todo o sofrimento ter válido a pena. Temo ser ferida aberta, temo terminar meus Dias com uma cicatriz que no fundo esteja confeccionada.
Se foi deus que fez vê pra mim...
Foi deus que me fez renascer dos mortos e reviver uma esperança de felicidade que o mundo diz, não ser para mim?
Tantas perguntas..._
Tão grande é o desejo por respostas, 
menor apenas que os tantos medos que possui a minha alma...

Ei de acostumar-me com tudo nessa vida. Ei de acostumar-me até com a dor de dente
Ou com a ausência de quem não mais quis ser presente em minha vida.
Foram-se os dentes, ficam-se as gengivas.
Avermelhadas e saudáveis gengivas a esticar-se para um sorriso espontaneamente largo.
Depois!
Ah! Bem depois que a sua ausência
Nem mais sentida for,
Terei perdido só o meu sorriso branco,
Mas nunca o murcho sorriso de criança.


Dersan Magalhães


Poemas-007 Ela...

Ela...

Ela só vem em palavras, que leio ferozmente...
Ela só vem em poemas, os quais declamo com paixão...
Ela só vem em histórias, mas eu as escuto com atenção...
Ela também vem em músicas que bailo, com ritmo e marcação...
Ela vem...
Ela vai...
E eu querendo que ficasse,
mas por teimosia ou desapego ela se dissipa ao vento
e vai embora...
E nada posso contra seus desejos...
Resta-me desfrutar de cada segundo como se o último fosse...
Apenas isso, pois talvez o seja...
E novamente sem aviso ela apenas desapareça na multidão
Deixando-me apenas seu perfume e alguns pertences.
Ela vem e se vai...
  
                                Dersan Magalhães

poema 042- O Artífice da alma

“O Artífice da alma”


Estou desabitado, no peito um estado de inércia...
Corpo quente, músculos enrijecidos, mas a alma murcha de alegria.
Como uma flor morta e com raízes ainda a esparramar-se,
Estou à espera de outra flor irmã para realçar-se dentre as ervas daninhas que me rodeiam.
Agora sou filho da terra como milhões aqui
E como tal e tantos outros, a dor em meu umbigo é maior que todas...
Rogo pela alegria alheia, mas que sobrasse ao menos uma gota dela pra mim...
Não apenas lagrimas...
Não apenas eu...
Não apenas, mais um "Apenas deixe pra lá..."
Saudade é saudade que dói no peito e pronto!
Saudade é engenheiro, arquiteto,
Artífice em oficio solitário na construção de máquina de mergulho da alma.
Saudade é arrependimento do desapego, do deixar ir...
Uma reação adversa a doses de amor verdadeiro...
Saudade é vento que passa, reformula e vai embora.

Dersan Magalhães

 29.03.2014

sexta-feira, 28 de março de 2014

Poemas-008 "Procura-se..."

Procura-se...

Procura-se um poema de amor...
Procura-se um poema de amor sem dor e sofrimento,
desses de encher os olhos e a alma...
Procura-se um poema de amor infinito em quanto dure,
mas que seja eterno.
Procura-se a metade perfeita.
Procura-se um amor que nós respeite o desejo de mudança,
mas que também esteja disponível pra ajudar a encaixotar velhos costumes.
Procura-se por quem se doe mais,
mas que também precise de nossas doações...
Procura-se por alguém que não se ache,
mas se encaixe...
que nós complete a alma,
mas que se sinta completa por estarmos juntos...
Procura-se por quem acorde de bom humor
apenas por estar acordando.
Procura-se por seu sorriso doce,
aquele dos dezoito anos que se esconde nós quarenta que possui.
Procuro também encaixar-me nesta busca
para que nos encontremos a tempo.
Procura-se quem não seja cega aos meus defeitos,
mas que tenha prazer em corrigir-me.
Procura-se quem não tenha opinião formada sobre a vida,
mas que seja ousada para buscar respostas.
Procura-se quem acredite em Deus,
que reconheça sermos feitos um para o outro apesar das diferenças.
Procura-se por quem nós inspire poemas,
por quem nós veja poemas e nós declame.
Procura-se por quem reclame minha ausência
e eu não veja diferença,
no seu procurar por mim.

Dersan Magalhães

quinta-feira, 27 de março de 2014

Poemas-009 "A felicidade humana"

  
A felicidade humana
No peito uma sala vazia,
prateleira no lugar de um coração
e tudo milimetricamente compactado...
Nada a fazer, uma realidade controlada
e protegida de sentimentos.
O mundo mudou, tudo é modernidade
e com ela, a praticidade tornou-se uma desculpa
para todo tipo de frieza.
Seres ambulantes, quase desprovidos de um coração
comandando a sociedade rumo ao que se sonha
ser o futuro da raça Humana.
Já não vemos bolinhas de gude nas calçadas de terra,
Pic-esconde, passa anel, brincadeiras velhas e ultrapassadas...
iphone, ipods, tablet, modernidades a empanturrar crianças gordas...
Seres humanos obesos do vazio da alma,
mas desnutridos de amor e humanidade.
Triste fim do mundo!
Começo da era da obrigatoriedade de ler Don Casmurro
como matéria do cursinho,
onde passar no ENEM pode depender de uma receita de bolo
ou um hino de time de futebol.
Triste é o fim de uma nação acobreada com mensaleiros,
patrulhada por fuzileiros de outra nação qualquer.
Triste é o fim de um povo que economiza com escola
pra abastar-se com prisão...É triste esse nosso fim?
Então mude-se!!!

Dersan Magalhães

Poemas-010 " Descendo a ladeira da redenção..."

Descendo a ladeira da redenção...

Sou caminhão sem freio ladeira a baixo.
Sou coração pulsando por um grande amor.
Sou um traço contínuo em sua direção.
Sou mero rabisco querendo fundir-se com a obra prima.
Perco-me pensando no que és pra mim:
terra, céu e mar tudo tão pequeno para expressar...
Somente um ser divino para colocar-se em tão pouca estatura
e fazer de ti, a explosão do belo em uma criatura.
Talvez sejamos astros tão distintos quanto o sol e a lua.
Carcereira minha, venha libertar-me!
Sou cela vazia, que nas noites frias chora seu calor.
Deixe-me percorre-la inteira e em cada curva eu me derramar,
Matar minha sede e também a sua sem nenhum pesar.
Não existe crime, não existe dor, amar é sublime...
deixe que eu te ensine está redenção!!!
Se teu amor é puro, limpo e verdadeiro,
entregar-se é o ato que lhe dá perdão. 

Dersan Magalhães

domingo, 5 de janeiro de 2014

Calar-se

Como é difícil calar-se, quando o que nosso coração mais quer é gritar... 
Fazer versos sem rima alguma, apenas para dizer baixinho o que o peito gritaria.  Ah! se possível fosse...
Ah! como eu gostaria de gritar ao vento, se me fosse permitido...
Por vez de raiva, em outras por amor incontido, eu gritaria com fôlego de menino o mais ensurdecedor dos gritos.... Amo!
Amo!
Amo!
Mas pra que serviria meus gritos ao vento se aos teus ouvidos nem chegaria?
De nada serve amar, de nada adiantaria...
abrir o peito pra que se não existe porque nele fazer moradadia é terra infertil pra ti à projetar o sombrio e a solidão da alma. Prefiro ouvir o seu a gritar-me com doçura e por ele ser tomado...
Ah! como eu queria nem que fosse um sussurro saindo dos lábios seus...
guardar teu som tão baixinho como um grão de areia sozinho um afago no coração...
minha luz na escuridão...
mas ao contrário disso tudo,
meu tudo já foi negado e eu um mero infame
por ti ficarei blindado
e nao mais saberei o que seja  ser amado.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Se arrependerá...

 Se arrependerà um dia por cada segundo de silêncio...
 Se arrependerá por cada afago não feito, por cada laço desfeito, se arrependeraz... Um dia com vinte e quatro horas de silêncio, semanas, meses, anos até, ainda será pouco para seu arrependimento, mas só o frio do arrependimento lhe restará...
 Se arrependerá pelo amor negado, pelo exílio a que me condena, eu que por ti devoto tanto amor e mais... lhe daria tanto se possível fosse... se arrependerá pelo desprezo e dele será vítima um dia, mas eu ao contrário de ti não me felicitarei por tal feito, ao contrário! tudo eu daria para que não fosse condenada ao que me tens condenado. se arrependerá... e ao se arrepender ficara claro diante de seus olhos cada lágrima que mareja os meus... mas a de ser o teu neste momento a afogar-se.
Poderia  dizer-te tanto se não fosse o silêncio a que me condenou... Da falta que me faz, escreveria mil estrofes... Mais duas mil, pela dor causada por sua indiferença e pouco teria dito, nada descreve o meu pesar, nem mesmo o som contínuo do meu coração é capaz de tal feito. Talvez o sopro! Sim! Apenas o espaço entre um bater e outro, seria capaz de lhe descrever como me sinto...
A falta de rima tem o mesmo peso do descompasso a que meu coração padesse e de que me valeria o bom traquejo com as palavras, se na vida só desacerto? De que me valeria tantos dizeres encaixado, se diante de seus olhos desmonto-me inteiro? Queria eu manter-me em silêncio, e como você dizer tanto sem palavra alguma... Ah! Como queria ter em mim tal dom, e como você sentir me abastecido de mim mesmo, mas sou um mortal, não tenho dons, em mim existe apenas o espaço, um vazio deixado por ti e nele resta a lembrança dos beijos quentes que outrora dava-me  sem medo. Se arrependerá de cada beijo não dado...
Se arrepender de cada segundo de amor não desfrutado, de cada gota de suor não derramado...  e saberá que as noites de amor intenso que vive agora é nada diante do que poderia ter vivido... e só o arrepender-se lhe restará. Se arrependera de tanto... Mas tão pouco poderá fazer depois de arrepender-se... E só arrepender-se lhe restará... Se arrepender um dia...   se arrependerà um dia por cada segundo de silêncio... se arrependerá por cada afago não feito, por cada laço desfeito,se arrependeraz... Um dia com vinte e quatro horas de silêncio, semanas, meses, anos até, ainda será pouco para seu arrependimento, mas só o frio do arrependimento lhe restará... Se arrependera pelo amor negado, pelo exílio a que me condena, eu que por ti devoto tanto amor e mais... lhe daria tanto se possível fosse... se arrependera pelo desprezo e dele será vítima um dia, mas eu ao contrário de ti não me felicitarei por tal feito, ao contrário! tudo eu daria para que não fosse condenada ao que me tens condenado.
Se arrependerá apenas isso...
E ao se arrepender, ficara claro diante de seus olhos cada lágrima que mareja os meus... mas a de ser o teu neste momento a afogar-se.
Poderia  dizer-te tanto se não fosse o silêncio a que me condenou...
Da falta que me faz, escreveria mil estrofes, mais duas mil pela dor causada por sua indiferença e pouco teria dito...
Nada descreve o meu pesar, nem mesmo o som contínuo do meu coração é capaz de tal feito...
Talvez o sopro... Sim!
Apenas o espaço entre um bater e outro, seria capaz de lhe descrever como me sinto...
A falta de rima, tem o mesmo peso do descompasso a que meu coração padesse e de que me valeria o bom traquejo com as palavras, se na vida só desacerto?
De que me valeria tantos dizeres encaixado, se diante de seus olhos desmonto-me inteiro?
Queria eu manter-me em silêncio, e como você dizer tanto sem palavra alguma...
Ah! Como queria ter em mim tal dom, e como você sentir me abastecido de mim mesmo e das minhas certezas, mas sou um mortal, não tenho dons, em mim existe apenas o espaço, um vazio deixado por ti e nele resta a lembrança dos beijos quentes que outrora dava-me  sem medo.
Se arrependerá de cada beijo deixado no ar...
Se arrepender de cada segundo de amor não desfrutado, de cada gota de suor não derramado e saberá que as noites de amor intenso que vive agora é nada diante do que poderia ter vivido...
E só o arrepender-se lhe restará...
Se arrependerá de tanto...
Mas tão pouco poderá fazer depois de arrepender-se...
E só o arrepender-se lhe restará...

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Poema - Versos tristes...

Versos tristes...

Meus versos já não lhe causa encantamento,
meus desejos já não lhe despertam sonhos
seu despertar ecoa-me como pesadelo triste....
como antes, a porta se fechou, já não sonho mais...

Nem dormir eu posso, diante de tal imagem,
e nem a minha sombra quer acompanhar-me.
Nas paredes nada é projetado, tudo é um vazio branco.
Me consome, sumo em mim mesmo...
ir ao sonho que sonhava e sonha-lo novamente,
agora é impossível para mim, vivo só...
É só que passo minhas madrugadas...

Ao meu lado, só o vazio da cama,
nem seu perfume me consola mais,
Ao contrário, tortura-me, corroem minha alma.
Lembra-me que já esteve aqui, mas não esta mais...
Rolo de um lado para outro no espaço que antes
repousava seu corpo, volto! Paro! Sento a beira da cama
onde nossos corpos se encontravam, me perco em tristeza...

Abraço-me na tentativa de lembrar de seus abraços,
curvo-me, encolho-me, em fim, levanto-me e sigo até a sala.
Você também não esta lá, o sofá esta vazio, mas a lembrança
novamente me atormenta e quase a vejo deitada no sofá.
com um piscar de olho, sua imagem se dissolve diante de mim.
Sigo até a cozinha, pego o mesmo copo que vc pegou,
bebo um gole de água, como quem bebe o amor,
sinto a água desfazer-me o nó da goela,
mas não apaga o fogo da saudade que sua ausência causa.

Vejo a pia cheia de louças suja e sinto-me também sujo.
A casa esta vazia, assim como estou vazio de seu amor
Nada me é agradável, nem mesmo o som do madrugada
o silêncio desta casa vazia, apaga-me do mundo,
e ninguém mais saberá da minha existência, nem você,
nem mesmo eu saberei de mim.

espero o tocar do telefone que não toca,
 meu silêncio quase se rompe
sinto-me ser tomado pelo desejo de gritar,
mas não grito,
permaneço calado,
o dia se aproxima e a luz do sol não entra pela janela.
neste escuro eu adormeço profundamente,
 talvez acorde mais tarde...
Quando já for tarde, talvez acorde,
quem me dera não acordasse mais,
mas acordo sempre...
Sempre acordo para desfrutar desta minha solidão.

Dersan Magalhães

Poema - Madrugada

Madrugada


É madrugada, no alto uma janela aberta.
A luz da lua de mãos dadas com a brisa,
invade esta janela e não se vê impedida
pelos lençóis macios que lhe cobre o corpo.

Intencionalmente os retira e a ilumina com  doçura...
A brisa da madrugada que refresca seu corpo despido,
convida-me para que eu também a siga e vele seu sono...
E seja eu a brisa a banhar o fruto de meu desejo mais insano,
talvez você também deseje o meu entrar,
mas eu, como a Lua, estou longe desse corpo...
nem admira-lo posso mais...

Já estive coma brisa...Já fui brisa pra ti...
hoje ao lembrar-me do seu corpo, vejo que também foste a minha.
E como a brisa que desliza seu corpo, também já deslizou sobre o meu.
Tremulo, percorri cada pedaço de seu corpo, perdi-me nas lembranças,
Nos amores...

Flutuei com cada sensação que despertei em ti, pois a via flutuando.
Ao despertar-me para o amor,me vi entrelaçado a ti, completamos nosso destino.
Degustamos da tenra fruta do pecado e ela nos pareceu doce...
Como poderia ela ser a fruta do pecado, se tão doce nos apresentava?
Saciar os desejos terrenos foi apenas a conclusão de um amor profundo.
Como poderíamos nos interpretar como erro, se o que nos ata não é deste mundo?

É madrugada, sinto inveja da lua... Quem me dera ser a Lua em ti agora...
É madrugada, sinto inveja da brisa... Quem me dera ser eu a brisa em ti agora...
Amar não deveria ser pecado nunca! O nunca, é que deveria ser pecado agora!

Dersan Magalhães