quarta-feira, 16 de maio de 2018

Poema-074 O concreto e o Inox

"O concreto e o Inox"

Sou sentimental de mais...
Acusado de ser demasiadamente romântico, fui deixado para traz
como um fardo. Intolerante aos calculistas, céticos que acreditam em um mundo onde, ainda que seja movido por princípios comerciais, de status e títulos de papel, não  possa ser vivido com amor e sentimentalismo. 
De fato não fui eu que perdi mais!
Talvez não tenha notado, mas tu que perdeste a capacidade de ver o mundo colorido.
Amputada da doçura dos sentimentos, e adornada por seu mundo cinza concreto, você segue em busca de um jardim de inverno milimétricamente esboçado por uma arquiteta cheia de teorias e nenhuma prática de plantio. Chegará o dia em que apenas as folhagens de plástico lhe restarão e nada ou pouco poderá fazer...
Sim!
 Meu mundo não foi construído com escalimêtros ou calculadoras HP!
 Sim!
Ainda que minha vida não possa ser descrita por uma planta ou maquete baseada nas leis da estética geométrica ou da física, eu a viverei plenamente sem que seja preciso apoiar – me no corrimão de inox que planejaste pra ti!
Seguirei, ainda que continue a tropeçar...
Teu inox já não me aparenta ser ouro branco, tão pouco prata ele aparenta ser...
Recuso-me a aceitar este moderno metal frio, que não transmite personalidade, apenas função. Muito mais seduzido por balaústre
e corrimão torneados de forma artesanal, seguirei a procura de uma nova fórmula para reinventar – me.
Não descrente do amor ou da poesia, não cético da necessidade de continuar  apaixonando-me por tudo a minha volta, mas tentando condensar o que aprendi até agora e reinventar – me a partir do segundo seguinte.
Se todos como você evoluírem para o estado de máquinas, quem sobrará para liga-los ?


Dersan Magalhães
10.Jan.2015

Nenhum comentário: