terça-feira, 1 de outubro de 2013

Poema - Ela foi embora...


Ela foi embora...

Sem que nada me fosse avisado, ela foi embora.
Deixou-me na solidão, talvez, apenas mais um dentre tantos.
Ao vela afastando-se, fui tomado pela tristeza,
senti corre-me na face uma antiga lágrima represada.

Mesmo negando-me, admito...
Sou mais triste hoje, do que jamais fui ontem...
Atormentado pelas lembranças, sigo em frente, mas
minha busca, tornou-se  ainda mais difícil longe de seus olhos.

Sinto saudades do tempo que eu era ignorante,
do tempo em que ter- lhe em meus braços era algo inatingível.
se antes doía em mim a minha covardia por não ter lutado,
agora tenho que digerir minha derrota que rasga-me dia a pós dia.

temperado por um amor desfeito e salpicado pela rejeição,
sou servido quente, neste banquete de infelicidade.
na mesa, vejo talheres pontiagudo, a espera de mãos hábeis
para dividir-me em porções e levar-me a boca.

Quatro cadeiras em torno de uma mesa quadrada e
na sala de cúpula alta, tudo me parece ainda mais frio.
sou revirado, sei que não demora muito e
apenas meus restos estarão sobre a mesa.

neste jantar em que as cadeiras já estavam demarcadas
e os lugares ocupados com antecedência londrina,
restou-me apenas servir-me em baixelas de prata,
frias baixelas de prata para o amor tardio de agora.

E ela foi embora, rumo a manutenção de sua felicidade,
mas não antes de saciar-se com meu amor e minhas carnes tenras.
E ela foi embora, com um sorriso sarcástico no canto da boca.
E ela foi embora, como deveria ser, como meu coração já previa.

Ela apenas foi embora...

Dersan Magalhães

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