Ah! Que saudades...
Ah! Que saudade eu
tenho,
Do tempo que eu me
sentia bem...
De correr no
campinho, de gritar até ter a voz roca,
Do Bang-Bang sem
balas, do som com o estampido da boca...
Ah! Que saudades eu
tenho, de subir nas goiabeiras,
Na mais alta
ameixeira, da casa da minha avó...
Áh! Que saudade eu
tenho!
Deitado a me esparramar
E como uma onça pintada
As vezes eu até
cochilava, á sonhar com o ano 2000.
Áh! Que saudade me
dá...
Das brincadeiras de
pique, do rouba bandeiras também.
De sentar no muro dos
fundos só pra ver passar o trem.
As vezes eu me
imaginava a montar na cobra de ferro,
E doma-la feito um
peão e rir muito também.
Do muro e da casa fundo, de após uma chuva ligeira
Ver minha mana
faceira, a brincar na poça D Água
De olhar o arco-íris tão faceiro, a rasgar o céu inteiro,
Mas como um tobogam fininho, ir morrer lá no laguinho.
Mas como um tobogam fininho, ir morrer lá no laguinho.
Áh! Que saudade me da!
Eu quase chego ao pranto...
O cachorro veludo
pulando e as andorinhas voando, no meio do areão.
De fazer safári no
brejo, do melê no portão de casa...
Do quanto á gente ria,
da tia gritando tão brava.
Do tempo que a gente
ria, sem saber que o tempo passa.
Áh! Que saudade eu
tenho, do tempo que eu me sentia...
Do aquecido colo de
mãe, e das mamas dela também.
Não me lembro de ás tela
usado,
Esta imagem não tenho
não, mas a sensação de á ter vivido,
Transforma meu peito ferido,
em pura satisfação...
Áh! Que saudade eu
tenho, das brincadeiras e dos primos...
Do escorrega da roça do tio, da casa do meu padrinho...
Das traquinagens que
fiz, delas eu tenho saudades...
Das broncas que eu
levava, por ser menino arteiro.
Das coças também da
saudade, mas só das que eu fugia.
Das outras nem quero
lembrar...
Ai! Como aquilo doía!
E sim como a dor da
saudade, que só dói dentro da gente.
Ninguém Sabe, ninguém
viu...
Silêncio e entre pra
dentro! Fique quieto e já pro castigo!
Se eu lhe castigo
agora, é pra mãe, não reclamar...
Se te corrijo é para que
não desande, disso não vão me acusar!
Um dia teraz gratidão,
por hoje você apanhar.
Dessas, eu muito ouvia...
Mas só se alguém me pegasse, pois como um foguete eu subia
na goiabeira eu ficava, no topo dela eu sumia...
Mas só se alguém me pegasse, pois como um foguete eu subia
na goiabeira eu ficava, no topo dela eu sumia...
Só descia bem anoitinha,
quando o cheiro da janta chegava...
E ninguém mais se
lembrava, das coisas que aprontava,
De tudo oque eu fazia .
De tudo oque eu fazia .
Ah! Que saudades eu
tenho...
Da menina da mureta, que
se irritava comigo.
De acompanha-la ao sair
da escola e sem saber se era hora
Eu roubava um beijo
dela, e do fogo que se formava,
Na frente da casa dela.
Ai que saudades me da,
do olhar brilhante que eu tinha...
Do olhar poético que
era, esta antiga vida minha.
Dersan Magalhães
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