sábado, 10 de novembro de 2012

Ah! Que saudades



Ah! Que saudades...
 Ah! Que saudade eu tenho,
Do tempo que eu me sentia bem...
De correr no campinho, de gritar até ter a voz roca,
Do Bang-Bang sem balas, do som com o estampido da boca...
Ah! Que saudades eu tenho, de subir nas goiabeiras,
Na mais alta ameixeira, da casa da minha avó...

Áh! Que saudade eu tenho!
Dos galhos da frondosa mangueira.
Deitado a me esparramar E como uma onça pintada
As vezes eu até cochilava, á sonhar com o ano 2000.
Áh! Que saudade me dá...
Das brincadeiras de pique, do rouba bandeiras também.
De sentar no muro dos fundos só pra ver passar o trem.
As vezes eu me imaginava a montar na cobra de ferro,
E doma-la feito um peão e rir muito também.

Áh! Que saudade me da...
Do muro e da casa  fundo, de após uma chuva ligeira
Ver minha mana faceira, a brincar na poça D Água
De olhar o arco-íris tão faceiro, a rasgar o céu inteiro,
Mas como um tobogam fininho, ir morrer lá no laguinho.

Áh! Que saudade me da! Eu quase chego ao pranto...
O cachorro veludo pulando e as andorinhas voando, no meio do areão.
Dos amigos de infância nem é tanto, mas das coisas que a gente fazia...
De fazer safári no brejo, do melê no portão de casa...
Do quanto á gente ria, da tia gritando tão brava.
Do tempo que a gente ria, sem saber que o tempo passa.

Áh! Que saudade eu tenho, do tempo que eu me sentia...
Do aquecido colo de mãe, e das mamas dela também.
Não me lembro de ás tela usado,
Esta imagem não tenho não, mas a sensação de á ter vivido,
Transforma meu peito ferido, em pura satisfação...
 
Áh! Que saudade eu tenho, das brincadeiras e dos primos...
Do escorrega da roça do tio, da casa do meu padrinho...
Das traquinagens que fiz, delas eu tenho saudades...
Das broncas que eu levava, por ser menino arteiro.
Das coças também da saudade, mas só das que eu fugia.
Das outras nem quero lembrar...
 Ai! Como aquilo doía!
Mas uma dor diferente, não como a dor de dente.
E sim como a dor da saudade, que só dói dentro da gente.

Ninguém Sabe, ninguém viu...
Silêncio e entre pra dentro! Fique quieto e já pro castigo!
Se eu lhe castigo agora, é pra mãe, não reclamar...
Se te corrijo é para que não desande, disso não vão me acusar!
Um dia teraz gratidão, por hoje você apanhar.

Dessas, eu muito ouvia...
 Mas só se alguém me pegasse, pois como um foguete eu subia
na goiabeira eu ficava, no topo dela eu sumia...
Só descia bem anoitinha, quando o cheiro da janta chegava...
E ninguém mais se lembrava, das coisas que aprontava,
De tudo oque eu fazia .

 
Ah! Que saudades eu tenho...
Da menina da mureta, que se irritava comigo.
De acompanha-la ao sair da escola e sem saber se era hora
Eu roubava um beijo dela, e do fogo que se formava,
Na frente da casa dela.



Ai que saudades me da, do olhar brilhante que eu tinha...
Do olhar poético que era, esta antiga vida minha.

 












 Dersan Magalhães

Nenhum comentário: