Ai de ti, pedaço doce...

Queria de ti o pedaço mais doce,

O doce que me adoça a boca, que me cala alma,

Que me tira o sentido de ser um mortal comum...

Quero seus olhos, a janela da felicidade...

Quero sua boca, porta do meu eu mais agudo...

Quero seus ouvidos, para que não me ouça...

E os soluços, salteados de saudades tua,

Não mais serão ouvidos, abrandaram seu colo...

Quero o resto que emoldura seu eu.

E que, quem dera um dia, sejas o meu descanso...

Mas por agora! Venha, eu te aqueço nos meus braços,

Te embalo como quem guarda seu mais rico tesouro,

É fortuna minha...

Derreto-me e me moldo ao seu gosto

Para que se satisfaça...

Para que se sacie de mim, como eu de você,

E que os anjos não vejam. Que eles não me escutem,

Pois saberão que és fugitiva deste céu denso e profundo...

Onde as estrela repousam suavemente a testemunhar o meu desejo.

E que elas caiam sobre meu corpo, para que ele seja o seu céu...

E você se sinta novamente em casa, quieta, calada, e protegida...

Durma estrela minha! Durma que velo seu brilho a me cegar de amor...

E que ele me sirva de escada para que possa eu,

Um simples mortal alcança-la na vastidão do céu,

Eu te desejo tanta coisa...

Vamos dormir somente com essas palavras

Que escapam da minha boca para afagar lhe os ouvidos...

Já me fez transbordar por hoje, já me fez vivo...

E verás que esta mais viva do que nunca esteve

E também eu, a metade morta que revive ao encontrar-te.

Umedecida me afoga, e eu que me deleito na essência sua.

Sinto o fogo se abrandar em termas mornas, calmaria doce...

Que me embriaga que me adormece...

Dersan Magalhães