domingo, 30 de março de 2014

poema-015 A mudez

15# A mudez...

Tanto pra lhe dizer e nenhum tempo tem lhe sobrando, segue preferindo o meu silêncio e nada mais...
As lembranças que me torturam, em ti São apenas vidro embalado em jornal velho, segue preferindo encaixotá-las à adornar sua cristaleira.
Vivo a impotência de um mudo em cantar seu amor ou gritar sua raiva do silêncio a que foi condenado.
Não desisto, mas percebo o envelhecer se aproximando, quem dera a velhice nos brinda-se apenas com a experiência de vida, mas traz com sigo as mazelas de um corpo cansado.
Cada cicatriz que adquirimos tem impresso uma história e como uma radiografia, mostra de que é feita a nossa estrutura.
Olho-me no espelho...
Não me espanta ver meu corpo desfigurado e minha pele distorcida.
Queimei-me pela vida...
Entreguei-me com o tempo...
Enruguei...
Desidratei...
Agora sou deserto escaldante ao longo do dia e congelante a noite.
Dividida mente compactado em embalagem a vácuo como pede a modernidade.
Sigo com meu coração devidamente classificado e empilhado como outros tantos e o seu.


Dersan Magalhães

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