domingo, 30 de março de 2014

poema 014 Areia ...

14# Areia ...

Vivia com medo da morte, e ela sempre a rondar-me como carrossel.
Relutei em ser areia, lutei contra a solidão, mas namorei-a noite após noite.
Lapidei-me, Poli cada cantinho meu, dia após dia, tornei-me visivelmente podido.
Em um mundo de vidraças e vitrines desejáveis, sonhei em ser o seu desejo.
Errei! Fui mero vidro podido e nada mais aos seus olhos.
Em segundos, reconheço em mim, apenas cacos de vidro a esparramar-se pela calçada.
Vários! Milhares de cubinhos imperfeitos em sua geometria, mas ainda cacos de vidro.
A espera de mãos preocupadas em cortar-se, restou-me apenas a pá e a vassoura, nada digno para quem pensou ser diamante lapidado, mas esperado, admito!
Triste fim, mas já não temo a morte, despojo-me de tudo e a recebo com serenidade talvez eu volte a ser areia, não sei ...


Dersa Magalhães

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