sexta-feira, 4 de abril de 2014

poema-030 A viúva negra

30# A viúva negra ...

Não à espanto se ao retirarmos o manto da fantasia descobrirmos nosso cadáver aos pés de quem tanto nós despertou sonhos. Este que por sua vez já em adiantado estado de decomposição, servindo de banquete aos vermes que tanto almejaram sua morte.
Seu corpo perfurado por balas do desamor e esquartejado por um entregar-se tardio.
Face a face com o destino óbvio que lhe aguardava, tu se vê congelado, impotente diante da ausência de sentimentos ou lágrimas de arrependimento de quem com fervor tantas juras fez a ti.
Quem dera fossem elas compridas ao menos pela metade, quem dera...
Ficaria ao menos a esperança de um céu de amor branco e puro, mas não! tudo é
Apenas escuro e fim, mal sepultado tenha Cedo teus restos, e ela estará em outros braços a tecer novas e falsas Judas a outro que por ela tenha sido atraídos. Ela que crescera em um mundo fútil e vazio de amor verdadeiro, tornou-se incapaz de reconhecer quando confrontada diante da beleza transparente e linear de um amor verdadeiramente franco.
Tão vítima quanto tu, ela vive com a fé no vazio da alma e segue os falsos profetas da atualidade, estes que pregam apenas a importância de ter, fazer e sorrir pra vida as custas da infelicidade alheia. Alheia a real verdade da vida, ela segue em busca de novas conquistas como um vaso furado, ela nunca vai se preencher e morrerá vazia de si mesma.

Dersan Magalhães


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