sábado, 5 de abril de 2014

poema-035 Não te importa?

35# Não te importa?

Se sabeis a dor de ter no peito o coração arrancado e ainda assim o fases ao outro, é porque teu peito a tempos anda cheio apenas de ti.
Se realmente sabes da importância de sua existência, fazer-se de morta é homicídio. Cada gesto seu foi meu combustível, mesmo quando caminhei a passos lentos, foi em ti que achei alimento.
Nada que de ti extrai ou me foi dado, foi em vão, em verdade, sinto falta, as vezes até o ódio por não compreender me me toma. Como pode persistir tamanho amor diante de tão grande vazio?
Meu lamento não é um pesar de mim ou auto piedade, mas tristeza enraizada no vazio que ficou. Tanto almejei a partir de ti, após abrir meu coração, admitir fraquezas e dúvidas de como fortalecer me, mas e agora?
Volto ao começo na busca solitária por polimento?
Hoje queria apenas as palavras que me gritavam não alma amor verdadeiro...
Hoje queria apenas o cheiro perfumado dó seu viço...
De ti, apenas o olhar, mesmo que severo e repreendedor já seria um bálsamo.
Era você o meu Jordão a correr em mim e nutrir-me, mas este rio inteiro secou e apenas me sobrou o deserto para seguir.
A areia escaldante sob meus pés e volta e meia uma miragem de falso alento, convida-me a parar, nas mãos uma buçala quebrada em forma de coração, mas sigo quase cego neste deserto solitário tendo como sombra uma esperança insana e uma fé inabalável.
É o que me restou...

Dersa Magalhães

14.03.2014

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